Adolescência ( Naiana )
Ainda ontem tropeçavas nos brinquedos na sala-de-estar
Nós ríamos do teu embaraço
Dos braços estendidos em busca de colo
Da emoção ao olhar o choro do palhaço
Do beijo roubado
Do medo escondido fingindo coragem
Das poucas palavras balbuciar
Do susto com a máscara
Do choro no teatro
Do medo de tudo
Te vejo em Maressa e Bianca,
Ainda na infância
Nas artes de Bruna
Nos jogos de Danilo e Caio...
Hoje segura, na rua liberta
Na certa cresceu e eu me perdi
Te encontro menina madura
Medindo as palavras, ao emitír
Tuas mãos e teus gestos não buscam a mim
No lápis de cor ou papel amassado
Os rabiscos até engraçados, ficaram pra trás
Te olho não vejo a criança
Na menina dos olhos vejo tua esperteza
No corpo esguio descubro as curvas
No rosto macio, esparsas espinhas
Não tiram a beleza, ao contrário,
A Natureza, revela a mulher
Não tenho certeza, não creio no que vejo
Me bate um desejo de rever a menina
Que ouvia e contava estórias...
E eu fingia ter medo ou nada saber
Só pra te ver me dando a mão
Me guardando em fim...
Me fazendo feliz, me fazendo sorrir.