O Casório

É noite de festa!

E todos estão à espera

Da grande quadrilha...

Ao longe, na panela,

O som do “pic-poc”

Vai enchendo de alegria

O sanfoneiro,

Que todo festeiro,

Chama de “dona moça”

A vovó do padre

Que casa, lá embaixo,

O bêbado e a bigoduda!

Acendem-se as luzes

E ao som da sanfona e do triângulo

A zabumba entoa canções

De requebrar o esqueleto...

É noite de festa.

Noite de pôr o vestido rendado.

De enfeitar os cabelos com laço de fita.

Costurar a camisa de missa

Só para chamegar

A dona mais bonita

Do Arraiá de Santo Antonio

Santo bom, casamenteiro,

Tão alegre, prisioneiro

Das madames encalhadas

Que com suas gargalhadas

O afogam em copo d’água

Só por causa de marido.

E agora aqui comigo

Deixo as prosas e os versos

Troco as roupas e os chinelos

E vou-me embora lá para o terreiro

Ver se o pobre sanfoneiro

Todo bom de bico

Não faz siricutico

Quando dança com a vovó

E ver se o bom padre

Realiza com vontade

Esse casório da Filó

Que já segue encalhada

Só porque vive descuidada

Lá na Rua do Cipó.

Mas agora vai se casar

E o noivo, meio “alegre”

Há de endireitar.

Nem que seja para ela

Colocar uma fivela

No litro de água ardente

E deixar um chocolate quente

À espera de seu amado

Que segue todo apaixonado, todo feliz...

E assim os fogos estouram no céu.

Venham... Venham todos!

Que já já tudo termina

E a vovó Felisbina

Vai com o sanfoneiro

Lá para a “Casa do Chapéu”,

Toda faceira, toda manhosa,

Encantada com a rosa

Que ganhou do Beleléu.

E assim segue a dança

Toda cheia de festança

Na noite de Santo Antonio...

É festa junina, minha gente!

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 26/05/2012
Código do texto: T3688711
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