O Guloso Senhor Tempo

O Tempo,

Guloso que ele é,

Tudo engole

Engole a dor,

Engole a raiva,

Engole a tristeza,

Até o rancor

E seria bom

Se engolisse só essas coisas ruins

Mas o tempo,

É mesmo um senhor glutão,

Engole também as coisas boas,

Que acalmam o coração.

Engole a infância,

Engole a amizade,

Engole alegria,

Até o colo de mãe quem diria.

E é mesmo uma pena,

Que engula essas coisas.

O tempo faminto devora

A felicidade o lamento,

Na mistura da sua panela

Tudo transforma em momento.

E da menina infância engolida,

Faz nascer colo de mãe,

Da tristeza que às vezes nos alcança,

Faz brotar flor de esperança.

O tempo é assim,

Passeia solto no espaço,

No sua despreocupada marcha

Certeza líquida e certa,

É que dele não escapa ninguém

Há muitos séculos

Os homens tentam explicar

Que fome é essa do tempo

Está sempre a nos rondar.

Uma coisa, entretanto,

Eu te ajudo a saber,

O tempo não são as horas

Que engolidas também vão ser.

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 23/05/2012
Reeditado em 23/12/2021
Código do texto: T3683928
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