VIAJANDO NA MAIONESE

Queria ver uma ovelha

Penteando a sua lã,

Um careca de manhã

Penteando a sobrancelha.

No vaso, um gato sentado,

Porque lhe faltou areia,

Uma aranha armando a teia

Com fio pedido emprestado.

Um chupim fazendo ninho

Ao tico-tico sem teto,

Uma avó cuidando o neto

Sem viciar o "tadinho".

Um joão de barro em greve

Reivindicando aumento,

Um lagarto calorento

Se bronzeando na neve.

Corvo tapando o nariz

Pelo cheiro da carniça,

Correndo, um bicho preguiça

Mais veloz que javalis.

Queria ver uma cobra

A própria língua morder,

Um gato quando morrer

Se mais seis vidas lhe sobra.

A caça com espingarda

Atrás do seu caçador,

Louva a deus furtando cor

Para pintar a sua farda.

Um bicho de seda ter

Sua própria fiação,

Fazer camisa, blusão,

Ir ao mercado vender.

Queria ver um pintinho

Com uma pintinha preta,

Um patinho de chupeta

Com duas patas no ninho.

Uma formiga saúva

Com um machado nas costas

E de nojo, um vira-bostas

Em cada pata uma luva.

Um sapo na “batera”

Tocando um rock “paulera”,

E uma rã bem “doidera”

Cantando para a “galera”.

Toda a criança da terra

Na imaginação vivendo,

E cada adulto sabendo

Que paz não se faz com guerra.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 07/05/2012
Reeditado em 07/05/2012
Código do texto: T3654302