FESTA NO CÉU
Estava o sapo coaxando,
Perto do buraco do tatu,
Quando por ele passa, voando,
Um alegre e elegante urubu.
Fala o sapo, reflexivo:
" - Muito bom dia, compadre!
Posso saber o motivo
De tanta felicidade?
Ao ver em ti tanta beleza,
Estou ficando muito aflito!
Onde vais com tanta realeza?
Onde vais, assim, tão bonito?"
Responde o urubu, zombando:
" - Compadre, o que está havendo?
Os bichos estão se aprontando...
Só você não está sabendo?
Por que estás aí marcando touca,
Coaxando... coaxando ao léu,
Se uma festa muito louca
Vai rolar, hoje, no céu?"
O sapo sorriu, satisfeito
E arregalou os "zoião",
Bateu com as patas no peito
E abriu o maior bocão!
" - Oooooobbbbbbbaaaaaaa!
- Gritou e pulou, de contente -
Vou comer feito uma loba!
Vou me arrumar, sai da frente!"
" - Calma aí, compadre guloso!
Escuta o que eu vou te falar!
Vou te mostrar tudo de gostoso
Que vai ser servido lá!
Vai ter besouro grelhado!
Vai ter mosquito ao molho rosê!
Vai ter pernilongo bem passado!
E joaninha ao bife rolê!
Teremos batida de formiga,
Servida com espeto de cupim!
Eu não estou fazendo intriga...
Pode acreditar em mim!"
O sapo dava cada salto
E salivava de tanta emoção.
- Oba! Oba! Oba! - gritava alto,
Abrindo - de par em par - o bocão.
E o urubu, por malvadeza,
Só pra ver a coisa ficar preta,
Disse: " Teremos por sobremesa,
Gelatina e pudim de borboleta!"
- Oba! Oba! Oba! - gritava o sapo,
Arregalando os "zóio" e o bocão.
Virava pirueta e dava saltos,
Gritando: " - Tô doidão! Tô doidão!"
"- Compadre urubu, me faz um favor,
Não vamos perder tempo mais não!
Como eu não sei voar, por amor,
Me leva dentro do seu violão!"
"Ah, meu compadre sapo, querido,
Eu até gostaria de te levar...
Mas todo bicho que tem a boca grande,
Lá no céu, não vai poder entrar!
E foi então que o sapo, murchinho,
Porém, esperto e sem perder a fé,
Pulou dentro do violão, fez biquinho
E disse: "- Coitadinho do jacaré!"
Alexandre Brito - 02/05/2012
(*) Imagem: Google