AS POMBAS
As pombas estão felizes!
No pátio da Igreja
Elas se lambuzam de sol,
Elas coçam as asas,
Elas brincam umas com as outras,
Elas assediam São Francisco;
As pombas estão felizes!
No chão da praça,
Entre o coreto
E os bancos de concreto,
Elas catam migalhas de pão,
Elas ajudam o cego a passar,
Elas improvisam um tango,
Elas posam para a foto,
Vez ou outra elas fogem
E titicam na cabeça de pedra
Do fundador;
As pombas estão felizes!
No alto dos prédios,
Em meio ao labirinto
De antenas parabólicas,
Longe dos sapatos masculinos,
Longe dos estilingues infantis,
Longe dos pneus doidivanas,
Elas se quedam,
Imponentes e misteriosas
Como o crepúsculo.
As pombas estão felizes!