TARDES MOLECAS

As tardes brincam de meninas

Fazem casinhas, jogam velha,

Bordam o céu, pintam neblinas,

Chovem chuvas de groselha.

Sopram bolhas de ventanias

Com sabão de guache amarelo,

Salpicam pós de fantasias

O horizonte gris caramelo.

Um sol de repente aparece

Cercado de um halo matiz,

Vem um raio, risca, estremece

E desce num traço de giz.

A d’alva pisca e o sol vai,

Uma andorinha só revoa,

Uma réstia dourada sai,

Prenúncio de uma noite boa.

O poeta pintor recolhe

Sua cartolina pintada

De sonhos, antes que ela molhe

Com o orvalho da madrugada.

E sonha com estrelas cadentes

Riscando o horizonte infinito,

Acorda ouvindo docemente

Seu poema em cores escrito.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 06/03/2012
Reeditado em 08/03/2012
Código do texto: T3538623