A morte do artista
Nem bem meus olhos se abriram
e lá estava eu, pesquisador do mundo
tentando descobrir segredos
ocultos nas páginas das histórias.
Quis então brincar com as letras
na ânsia louca de aprender.
Equilibristas do lápis,
meus dedos faziam mágicas,
desenhando formas imaginárias
que sé eu consguia ler:
me ignoraram.
Meus dedos insisitiram ainda
em criar formas parecidas,
mais condizentes com as linhas
que me ensinavam a escrever:
me corrigiram.
Deixei de buscar dentro de mim
as ideias fantásticas que eu tinha
e passei a fazer cópias do mundo:
me aplaudiram.
Meus sonhos ficaram esquecidos,
meus monstros adormecidos
quando me sufocaram a voz.
Aprisionaram-me em algemas invisíveis
e me condenaram pela culpa do querer.
Roubaram meus sonhos,
a vida que eu coloria,
mataram minha fantasia:
foi um mestre, o meu algoz.