A CEGONHA E OS BEBÊS
Vovó, fizemos uma pergunta à mamãe e ao papai,
Mas eles não quiseram ou não sabem responder.
A senhora, que é sábia, é a nossa única esperança;
Diga para mim e minha irmã como nasce uma criança?
A vovó olha para os seus netinhos com naturalidade
E pede aos seus netos para sentarem bem ali do seu lado.
Meus queridos, quando essa pergunta é feita, na verdade
É sinal de que o período da infância está sendo sepultado.
Ou seja, não estou mais diante de uma menina e um menino
E sim diante de uma linda mocinha e um belo rapazinho.
Eu contarei tudinho para vocês sem nenhum desatino,
Disse a vovó com uma entonação doce, cheia de carinho.
Vocês sabem o que é um adulto, não sabem? Sabemos vovó!
Quando um adulto casa, uma das coisas com que ele mais sonha
É se tornar papai ou mamãe. Então ele passa a rezar ao Papai do Céu só
Com essa finalidade. Ouvindo as preces, Deus chama uma cegonha
E mostra a ela a casa de ontem vem tão ansiosa e convicta oração.
Enquanto a cegonha anota direitinho o apontado endereço,
Papai do céu chama um belo anjinho e tira-lhe a asa então.
Assim um novo bebezinho é feito por Deus com todo apreço.
Aí, o Pai Eterno pega um lençol comprido, une as pontas com um nó
Bem cego, passa-o na cintura do bebê e o coloca no bico da ave
E a manda entregar. Foi assim que eu acabei me tornando vovó
E o meu filho se tornando pai de vocês. Mana, a coisa tá grave!
Como diz o ditado popular “Antes ouvir tudo isso que ser surdo”!
Eu nunca ouvi uma estória assim, completamente sem coerência.
O que é a gente faz? Conta a verdade pra acabar com esse absurdo
Ou deixemos a nossa querida avó morrer na santa inocência?!
O FILHO DA POETISA