Algodão Doce
Na rua a sineta vai tocando
Insistentemente...
Mente.
Outros tempos.
-Olha o algodão doce!!!! algodão doce!!! doce!! ce!
E o ECO ia repetindo a sentença enfraquecidamente
até se ouvir só o ‘dão’ ‘ão’ ‘ce’ ‘e’
Eu ia procurando os centavos
onde quer que eu pudesse achá-los.
Ansioso dentro de casa catando potes.
A voz do algodoeiro ia desaparecendo.
E eu precisava de mais um só
centavo para juntar à soma
do preço do cobiçado
algodão doce – tão doce
Era cena rotineira de toda tarde de sábado.
Hoje é domingo de manhã
e esta figura que nunca mais eu vira
(vendedor de algodão doce)
inusitadamente apareceu.
Algodoeiro.
Algodão doce
hoje colorido.
Não tão doce como eram os brancos
de minha infância que se desmancharam
em calda que as formigas beberam.
L.L. Bcena, 11/06/2000
POEMA 536 – CADERNO: GUERRA DOS MUNDOS.