O menino e o alçapão
Era uma vez
Numa casinha no interior do Piauí
Um menino que como eu
Adorava brincar em árvores
Um dia ele se deparou com um alçapão
E um sabiá trancado nele
Mas os olhos do animal
Eram humilhados
Mirando as frutinhas no chão da armadilha
O pequeno com aquela expressão
De quem vive solto na natureza
Abriu a porta da arapuca
E com o pássaro nas mãos
Apregoou em estridente bandeira
Ao pino da manhã:
“Vai embora, passarinho!”
Depois, um vendaval de cantos do sabiá
E o menino em cima duma goiabeira
Com os ouvidos em êxtase.