Navio
Fiz navio de madeira para navegar.
A poça de chuva do meu quintal
E com a minha boca imito o seu som.
Minha voz sai frágil comparando com o verdadeiro
E com minha mão eu comando minha viagem
Não sei para qual porto partirei.
Li no livro que em Lisboa existe porto,
É longe do outro lado do mundo,
Posso imaginar que estarei em Lisboa.
A poça já não é tão larga, então,
Darei varias voltas com o navio
Para acreditar que cheguei a porto de Lisboa.
Ah... Eu imito o apito do navio,
Faço a voz dos marinheiros, imagino
A bandeira no seu mastro
E faço a voz brava do velho capitão
De chapéu de longas abas,
Com sua tatuagem de homem do mar.
Quantas voltas darei para chegar a Lisboa?
Cantarei uma canção de marinheiro,
Talvez verei a lua brilhar no céu.
Quantas voltas darei para chegar a Lisboa?
Foi embora almoço, foi embora a janta.
É tão distante... Até mesmo na brincadeira.