TITIA ANASTÁCIA
Velha senhora, na cabeça o lenço amarrado
Franzina alegre e de estatura pequena
Não era tia de sangue e sim no coração consagrado
Sorridente, falante e da pele morena
Onde passava enchia de carisma e esperança
Suas frágeis mãos com destreza mexia
Conquistava com seu jeito toda criança
Seus contos antigos nos davam alegria
Seu caminho foi florido e brilhante
Sem ir a escola sabia muito da vida
Sua cor de cuia a deixava elegante
Seu alto tom de voz na região já era conhecida
Senhora matuta tão cheia de graça
Cheiro de mato o perfume que ela usava
Outras vezes até cheirava fumaça
Na taipa de barro sua comida cozinhava
Seu endereço escondida a dentro do interior
Seu rancho de sapé batido de chão
Quem a visitava recebia com amor
Oferecia chá de ervas e paçoca socada no pilão
Saias de chita no mato grudava carrapicho
Lavava suas roupas no rio a cinza era seu sabão
Tia Anastácia tinha muito zelo e capricho
Fazia seus afazeres com todo cuidado e devoção
Sem estudos, mas de certa inteligência
Sua simpatia era constante não andava de cara feia
Dava-se bem com todos não tinha má querência
Jamais teve por costume falar da vida alheia
Seus dias findaram sem deixar queixa de nada
Pele escurinha, mas de alma generosa
Nunca deixou de ser alegria da criançada
Sua estadia terrena foi muito valiosa