Irmãos
Deixamos de andar descalças
Na terra vermelha,
Deixamos de assoprar as flores
Pompons brancos no campo.
Deixamos de dar nome
Às árvores e cantar para elas,
Conversar com elas,
Dar nossa infância
Para que nos carregassem
Até o céu mais azul do mundo.
Deixamos de correr
Com os braços abertos
Abraçando o vento
Buscando folhas
De clorofila e de papel
Rindo da felicidade
Coisa boba
Que os adultos querem
E procuram.
Não nos perguntaram
A onde ela estava
Até porque nunca pensamos
Nisto.
Hoje, já se apagaram
As nossas pegadas,
Já nasceram outras flores
Mas ninguém as assopra
Cai as folhas no mato
E ficam lá intactas
Até apodrecerem,
O vento se dissipa
Porque não tem ninguém
E as árvores?
Secam-se pouco a pouco
De solidão. Morrendo
É que nos dizem
O quanto nos pertencemos.
Agora,
Procuramos
E pensamos
Na felicidade.