O casamento de João e Maria
O CASAMENTO DE JOÃO E MARIA
Havia nascido na roça
No meio de um torrão
E o seu pai todo orgulhoso
Deu-lhe o nome de João.
Seu avô era feijão Preto
Sua avó era Branquinha
O seu pai era feijão Canário
Sua mãe era Rosinha.
Tinha um primo Rajado
E um tio que era Fradinho
Tinha o Azuki no Japão
E na cidade o Mulatinho.
Uma tia da fazenda
Havia tido um brotinho
E quando o João olhou para o primo
Viu que ele era Roxinho
Seu tio Jalo comentou:
- Que bonito feijãozinho!
João tinha um parente importante
Um parente muito rico
Tinha título de nobreza
Seu nome era Grão de Bico.
O caminhão vinha carregado
Trafegando pela estrada
Era uma estrada de terra
De terra vermelha e esburacada.
De repente um buraco
Fez pular o caminhão
E naquele solavanco
Deixou cair o João.
O João desesperado
Gritou por socorro ao motorista
Mas o carro foi embora
E tomou o rumo da pista.
O feijãozinho ficou parado
Vendo o caminhão sumir
Estava todo encharcado
Porque na água foi cair.
Caiu num lugar esquisito
Onde havia uma plantação
Toda verde no meio da água
Não eram plantados no chão.
- Preciso sair daqui
Não posso ficar molhado
Se eu não me secar logo
Serei um feijão brotado!
-Coitado do João!
Estava tão apavorado
Que nem viu que alguma coisa
Se mexia do seu lado.
Olhou em volta de si
E ficou envergonhado
Umas sementinhas brancas
Riam do seu estado.
-Suba aqui nessa pedra,
Falou uma sementinha,
Com alguns minutos ao sol
Secará a tua casquinha!
O João todo sem graça
Subiu na pedra e agradeceu
Mas sentiu naquela hora
Que o seu coração tremeu.
Olhou para a sementinha
E consigo mesmo falou:
-Que gracinha de semente,
Onde será que eu estou?
-Esta é uma plantação de arroz,
Disseram as sementinhas,
Nós moramos neste alagado
Porque tem água fresquinha!
A semente graciosa
Para ele se apresentou:
- O meu nome é Maria;
Sou arroz, ela explicou.
O feijãozinho sem jeito
Disse todo encabulado:
- O meu nome é João!
Já estava apaixonado.
-Não se preocupe João
Nós vimos você cair,
Mas quando o caminhão retornar
Você poderá partir.
Arranjaram-lhe um torrãozinho
Que lhe serviu de abrigo
E de repente o João
Viu-se cercado de amigos.
Passava tardes inteiras
Com a Maria conversando
E cada dia que passava
Do seu amor ia falando.
A sementinha não escondia
Que também gostou do feijão
E um dia disse para ele:
-Vou te dar meu coração!
Depois de algumas semanas
Quando o caminhão retornou
O João não quis a carona
E por ali mesmo ficou.
Pediu para se casar com a Maria
Que aceitou na mesma hora
Então disse para todos:
- Vou ficar não vou embora!
Mandou apenas convidar
Toda a sua parentela
Para a festa de casamento
Com aquela linda donzela.
Arroz branco bem soltinho
Carne seca no feijão
Frutas, saladas,
Bolo e docinhos
No casamento do João.
Os convidados felizes
Comentavam entre si:
- Par perfeito como estes dois
Confesso que nunca vi!
- A proteína que é pouca no João
Tem de sobra na Maria
É a união mais completa
Que existe até hoje em dia!
E para terminar a estória
Deste importante casal
Que nas mesas dos brasileiros
É o prato principal
Vamos dar para as crianças
Alimento natural.
Fim
Ironi Lírio