Poeminha Clandestino
(À Vania Morais)
Quanto juízo nesse balanço
Nesses olhos que tudo vêem
Quanta criança nessa dança
Vestida de azul atemorizada
Fazendo de conta não estar
Girando oscilando agitando
Vendo todo esse mundo torto
Esse pranto, de uma só vez
Quanta saudade antecipada
Dessa idade redonda grata
Como as uvas tão maduras
Como se estivessem verdes
Pensamentos de Sabina sabe
Tanto a pequena menina
Quanto tino e ponderação
Agindo em proveito dela
Que criança não acredita
Na fada madrinha fazendo
Figa? Os dedinhos miudinhos
Cruzados, esconjuram tudo
Que possa negar esse momento
De felicidade clandestina
Se pudesse permanecer tão
Leve nas alturas vencendo
As fadigas e as intrigas
Em cada vaivém do balanço
Os pulsares e os quasares
Seguros nas cordas esse som
Essa alegria precisa ser salva
Mas, que caminho futuro
Preservará o júbilo canto dessa
Alminha, se amanhã, debuta
Adolescente, nessa tempestade
Adulta onde arde a insensatez?
Que suave biscoitinho feito de
Fábula e pão-de-ló de mentirinha
Poderá perenizar esse pisar na
Pontinha dos dedos, voar nessa asa
Que balança e se encanta entre
Sorrisos nesse castelo de areia?