PUREZA DA ALMA
Pequena, radiante, cheia de vida e feliz,
Assim a garotinha tinha radiosas manhãs,
Acordando preguiçosa ao chamado da mamãe,
Pois sua caminha macia e toda perfumada,
E o cobertor generoso que lhe protegia do frio,
Nas noites de inverno não à fazia sofrer.
Tinha bonecas para brincar de mamãe,
Algumas até que emitiam gargalhadas,
Como se fossem criancinhas verdadeiras,
Mas a sua preferida na hora do aconchêgo,
Quando o sono aos poucos vinha chegando,
Éra a bonequinha de pano toda amarrotada.
Com ela abraçada mesmo já desfigurada,
Sem ter os atrativos das bonecas modernas,
Que até falam e ainda conseguem andar,
A garotinha queria sómente a boneca de pano,
Pois com ela após a mamãe sair devagar,
Trocava segredinhos para então poder sonhar.
Sabia que criancinhas viviam nas periferias,
E nas noites de inverno não tinham caminhas,
Sómente pedaços de espumas como colchões,
Colocados no chão tão duro e bastante gelado,
Com um cobertor ralinho que nada aquecia,
E tiritando de frio não conseguiam nem dormir.
Nem a boneca de pano mesmo um pouco surrada,
Não tinham para com ela dormirem abraçadinhas,
Para poderem conversar todos seus segredinhos,
E quando o dia amanhecia no barraco pequeno,
Após a noite tão fria que demorava terminar,
A fome então era um martirio que às faziam sofrer.
Assim a garotinha da boneca de pano toda surrada,
Que não passava fome e nem tiritava de frio,
Pensava na menininha da favela que passava agruras,
E na sua pureza de Alma confidenciava à mamãe,
Porque existia entre as crianças todas essas diferenças,
Algumas com tudo e outras sem nada só sofrimentos?
18-11-2010