Para tudo tem sua hora

O relógio é que me conta

Aonde eu vou, e o que eu faço

Se para o seis ele aponta

Me levanto e aperto o passo

Antes de chegar no sete

Já estou com a pança cheia

Para agüentar a Dona Odete

Me ensinar uma dúzia e meia

Lá pelas oito tem geografia

Com a Dirce mais bonita

Diz que a terra faz magia

Que estrelas são infinitas

Chega aos nove tem intervalo

Grito, riso e lanche na quadra

Tem a Bia, por quem me calo

De todas magias é minha fada

Não há bem que sempre dure

Tem o Onofre, tem biologia

Antes que alguém se apure

As 10 tem ameba na alegria

Não aprendi a ver as horas

Não consigo falar inglês

Dona Ruth quase me implora

Só I`m sorry, digo outra vez

hoje não tem aula de história

que conta que o índio é escória

o branco senhor é o valente

aqui eu sei que alguém mente

sujeito, é o dono da frase

é um predicado da Conceição

português para ela é a base

e solta o verbo na oração

O ponteiro mostra o onze

Química na última aula

Fala em ferro, cobre e bronze

pretendo fugir desta sala

o verdugo chega ao doze

e ninguém mais faz pose

o fim da tortura e a fome

um por um, pela porta some

acho que amo minha escola

ou posso amar nela a Bia

a tarde o relógio não amola

pura questão de filosofia

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 15/11/2010
Reeditado em 16/11/2010
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