Para tudo tem sua hora
O relógio é que me conta
Aonde eu vou, e o que eu faço
Se para o seis ele aponta
Me levanto e aperto o passo
Antes de chegar no sete
Já estou com a pança cheia
Para agüentar a Dona Odete
Me ensinar uma dúzia e meia
Lá pelas oito tem geografia
Com a Dirce mais bonita
Diz que a terra faz magia
Que estrelas são infinitas
Chega aos nove tem intervalo
Grito, riso e lanche na quadra
Tem a Bia, por quem me calo
De todas magias é minha fada
Não há bem que sempre dure
Tem o Onofre, tem biologia
Antes que alguém se apure
As 10 tem ameba na alegria
Não aprendi a ver as horas
Não consigo falar inglês
Dona Ruth quase me implora
Só I`m sorry, digo outra vez
hoje não tem aula de história
que conta que o índio é escória
o branco senhor é o valente
aqui eu sei que alguém mente
sujeito, é o dono da frase
é um predicado da Conceição
português para ela é a base
e solta o verbo na oração
O ponteiro mostra o onze
Química na última aula
Fala em ferro, cobre e bronze
pretendo fugir desta sala
o verdugo chega ao doze
e ninguém mais faz pose
o fim da tortura e a fome
um por um, pela porta some
acho que amo minha escola
ou posso amar nela a Bia
a tarde o relógio não amola
pura questão de filosofia