AS AVENTURAS DE TICO E JOÃO
Ao se fartarem
Dos insetos e minhocas
Na horta de Seu Janor,
Tico e João foram descansar
No pé de limão.
Uma pequena brisa
Balançava levemente
As folhas de veludo,
Produzindo uma sensação
Agradável de paz.
Depois de coçar a asinha
Iluminada por um raio de sol,
Tico convidou João para irem
Assistir o jogo dos humanos
No campinho atrás da Matriz.
João concordou
E ambos saíram
Voando alegres
No azul do céu,
Por sobre os telhados.
Viram Seu Manoel Tucano
Levar os filhos para passear
Na roça de girassóis
Nos arredores da cidade,
Ao lado da subestação.
Salvaram das garras
Duma perigosa aranha
A borboletinha azul,
Que prendera a perninha
Em uma das teias.
Ajudaram Dona Rolinha
A levar para o ninho,
Lá no alto do tarumã,
Um pão amanhecido
E um fio de lã.
Correram com um bando
De formigas cabeçudas
Que impediam a joaninha
De continuar seu passeio
No caule duma margarida.
Finalmente chegaram à goiabeira
Na lateral do campinho,
E ficaram assistindo,
Maravilhados, a bola rolar
Por entre as dezenas de pernas.
Em que momento se dera a confusão,
A troca de socos
E de pontapés,
A chuteira que voou,
Acertando em cheio João?
Tico não soube responder,
Assustado que estava,
Tremendo ao lado
Do corpo do amigo
Estendido no chão.
Não sabia o que fazer.
Como avisar Dona Bárbara,
A mãe de João,
Braba como ela só,
Em sua casa na figueira?
Para sorte de Tico,
Seu amigo Lalau,
Passando por ali,
Foi quem encontrou
A solução:
Voou até uma pia
E em seu biquinho
De reluzente beija-flor
Trouxe uma gotinha
De água fria
Com que espargiu
O rostinho de João,
Fazendo-o despertar
E abrir o olhinho
De jabuticaba.
Tico ficou alegre
E abraçou o amigo,
Agradecendo a Lalau.
Depois foram embora,
Sumindo no céu.
Era já fim de tarde.
João voou para a casa
Na figueira e Tico,
Para o ninho no ipê.
O dia fora de adrenalina para eles!