Piuiii

Piuiiiiiiiiiiiii

Mulher de trinta sem marido

Sempre tem o brio ferido

Dispõe-se a encontrar alguém

Se posta na estação do trem

Aguarda o trem do interior

Espera o trem da capital

Se trouxer-lhe um grande amor

Tanto faz, não lhe faz mal

Tão bonita e tão prendada

Esperando teima na gare

que façam dela mulher casada

que ao celibato digam pare

mil vagões a perder de vista

nunca olhou para o maquinista

mas a menina de coração vazio

acendia nele veia e arrepio

tantas vezes o destino ali cruzou

até que um dia ela o notou

e a menina recatada e tão faceira

botou lenha a explodir caldeira

a roupa da noiva toda era branca

o noivo, tão sério desfez a carranca

protegendo a amada e tão radiante

punha-se à frente de qualquer viajante

a máquina contente, despejava piui

mas fez-se calada lá em Jundiaí

amavam-se no trem, com muito cuidado

relar na caldeira é corpo esfolado

contam que hoje nasceu um rebento

que brinca de apito, que é um tormento

e mesmo assim, com muito carinho

todos da gare, o chamam de piuizinho

na estação, sobe e desce passageiro

também une, corações aventureiros

para as meninas mais emotivas

prestem atenção na locomotiva

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 26/08/2010
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