Piuiii
Piuiiiiiiiiiiiii
Mulher de trinta sem marido
Sempre tem o brio ferido
Dispõe-se a encontrar alguém
Se posta na estação do trem
Aguarda o trem do interior
Espera o trem da capital
Se trouxer-lhe um grande amor
Tanto faz, não lhe faz mal
Tão bonita e tão prendada
Esperando teima na gare
que façam dela mulher casada
que ao celibato digam pare
mil vagões a perder de vista
nunca olhou para o maquinista
mas a menina de coração vazio
acendia nele veia e arrepio
tantas vezes o destino ali cruzou
até que um dia ela o notou
e a menina recatada e tão faceira
botou lenha a explodir caldeira
a roupa da noiva toda era branca
o noivo, tão sério desfez a carranca
protegendo a amada e tão radiante
punha-se à frente de qualquer viajante
a máquina contente, despejava piui
mas fez-se calada lá em Jundiaí
amavam-se no trem, com muito cuidado
relar na caldeira é corpo esfolado
contam que hoje nasceu um rebento
que brinca de apito, que é um tormento
e mesmo assim, com muito carinho
todos da gare, o chamam de piuizinho
na estação, sobe e desce passageiro
também une, corações aventureiros
para as meninas mais emotivas
prestem atenção na locomotiva