O bicho preguiça
Entregue ao ar da mata,
Uma preguiça caminha e suspira:
Um prato de folhas seguido de brotos
De sobremesa um doce natural de frutos
E como não tem pressa
Acrescenta à (sonhada) refeição
Um fresquinho licor de orvalho.
Haveria jantar melhor?
Degusta do sonho, estica os membros,
Pendura-se num galho oco
Quase na copa de uma embaúba.
E deixa o corpo ao balanço do vento
De costas para o chão, observando tudo:
Cachos de flores contra o brilho da lua
Pequenas estrelas quase apagadinhas
Nuvens tomadas de céu negro...
... E a preguiça quase imóvel
No sossego da noite.
E do jeito dela, pensa mil coisas
Pensa e para,
Não quer se cansar.
Deste modo, suspira e caminha,
Mais bem devagar.