Coelhinho Branco
O mato molhado suja-lhe as patinhas
brancas sobre o dia nascente
são nuvens de algodão
presas no corpinho pequeno
bre, bre, bre
bebendo da água do capim
(abana a cabecinha endireitando
o pensamento para explicar à mãe)
pula cuidadoso para lá e para cá
acende o rabinho
e o vento afetuoso
sobe-lhe pelas empinadas orelhas
esquiva-se de uma florzinha
de boca sorridente
(podia lamber-lhe o pelo
e tingi-lo de lilás)
subitamente os olhos verde-cinza param
no ar murmurante da manhã
voa um passarinho
feito alma de poeta
empurrando um gorjeio
no céu cheio de sol
assustado o coelhinho
volta ligeiro para casa.