A 1ª Vez
A menininha
Não tinha nada
Só as maminhas
Muito mimadas.
E tinha medos
E não sabia
Dos mil enredos
Que a envolvia.
E numa tarde
Tranqüila e suja
Ela brincava
De Chapeuzinho.
E o vermelho
Ela nem notou
Pingou uns pingos
Em sua calcinha.
Aos pulinhos
Ela brincava
Do Lobo Tau
Se aproximava.
Toda coquete
Emocionada, lhe
Deu um beijo
De namorada.
E o croquete
Do Lobo Tau
Muito excitado
Se levantava.
Ela surpresa
Horrorizada viu
Que o sangue
Se espalhava.
Correu pra dentro
Da casa escura
Do apertamento
Mente confusa.
Pensou que estava
Muito ferida
Apavorada
Buscou guarita.
Os braços ágeis
Da dona Zefa
A abraçaram
Sem mais reservas.
Assim acolhida
As muitas lágrimas
Desciam virgens
As faces cavas.
E a menina
Ficou sabendo
Que era moça
Saiu correndo.
Foi ao banheiro
Atordoada
Saiu sem medo
De estar lesada.
E orgulhosa
De sua idade
“O que fazer
Dessa cartilagem”?
E só agora
Notou assim
Pegou nos bicos
De seus peitins.
E as perguntas
Brotaram em massa
De sua mente
Ainda agitada.
E as respostas
Quem lhe daria
As amiguinhas
A dona Maria?
Sua calcinha
Então mudara
De figurinhas
A encarnada.
Seu coração
Verde palpitou
Se encaminhava
Ao 1° amor.
De Chapeuzinho
Não mais brincava
Agora Rosa
Flor se cuidava.
Queria um dia
Muito vistosa
Chamar atenção
Do Lobo pra Rosa.
Agora seu
Rumo mudou
Porque queria
Um 1º amor.
Fazia turismo
Nos corações
Se protegia
Com seus botões.
Até que um dia
Esperançada
Sentiu-se dona
Da gatarrada.
E se atinou
Com os sentimentos
Dos namorados
Em seus momentos.
Até que o João
Pé de moleque
Seu coração
Salamaleque.
E o coração
Então pulsou
Primeira vez
Se enredou.
E sua vida
De moça nova
Abriu-se lótus
Virou um rock
Cantou um samba
Pequeno porte.
Da primeira vez
Lembra-se sempre
Como um presente
Do coração.
E na memória
De seu amor
Primeira glória
Se arvorou.
Agora tantos
Nem mais contava
As faces pândegas
Da cornualha.
Tempo passou
Ela cresceu
E a tpm
Aborreceu.
Hoje a memória
De quem se casa
Do paraíso
Tempo sorriso
Em que era Fada.