VI VOAR UM PASSARINHO
Éra um sabiá que cantava bonito,
no galho da árvore lá numa encosta,
no alvorecer do dia quando o sól nascia,
como que saudando um novo recomeçar,
pois a noite se foi deixando seus perfumes,
e o justo descanso após sono reparador.
Um sabiá laranjeira que tinha até vaidades,
plumagem colorida para atrair uma parceira,
que de longe ouvia seu mavioso cantar,
ansiosa até para iniciar um acasalamento,
e depois num ninho entrelaçado de ramas,
botar os ovinhos e filhotes famintos surgirem.
Vi voar um passarinho agora atrás de alimentos,
insetos que passavam sem notarem os perigos,
e o sabiá laranjeira em pleno ar os catavam,
enchendo o papo para os filhotinhos alimentar,
regurgitando a papa formada em bicos sedentos,
que engoliam gulosos os preciosos petiscos.
Vi voar um passarinho saudando o entardecer,
que vinha chegando mansinho trazendo a brisa,
e muitos pássaros buscavam em revoadas,
brindar o sól que lá longe ia se escondendo,
iluminando o céu de um colorido tão esfusiante,
que o sabiá laranjeira pousou e se pôs a cantar.
Como que num êxtase por todas as maravilhas,
o sabiá laranjeira cantou sereno até se cansar,
e a natureza como que reverenciando seu canto,
emudeceu as matas e todos os alaridos cessaram,
pois os pássaros que chegaram de longas paragens,
alimentaram filhotes e depois procuraram descansos.
24-04-2010