DIFERENTES PENSARES*
Oto nasceu na fazenda
e nunca enfrentou contenda.
Quero dizer, sempre em paz,
será um feliz rapaz.
Guri da zona rural,
estuda; fato normal.
É bastante inteligente
– esse Oto vai ser gente.
Mas, como todo guri,
dá pernadas por aí.
Pinta e borda, quando caça
e pesca peixes, na raça.
Tão pequeno e caçador,
vida agreste é seu amor.
A mãe só quer que ele estude
– vê nisto certa virtude.
O pai, este, todavia,
quer ver o filho em porfia.
Fazendeiro casca-grossa,
o tal só sabe da roça.
E diz o pai, num sermão:
“– Oto tem que ser peão!”
Ao invés, que diz Sofia?
A mãe?!... Lê, faz poesia.
Fort., 02/04/2010.
(*) A discussão em torno de Oto
é somenos. A ideia basilar é a
diversidade das opiniões e das
aptidões. Acho justo que a criança
vá cultivando o pensamento de
convivência com pontos de vista
contrários aos próprios, daí o
título que damos ao texto, aparen-
temente sem contextualização.