O MISTERIOSO CASO DOS GATOS

Lá vem a velhinha em seu xale preto.

O que há no pequeno saco

Sob o seu braço?

Com roupa de Sherlock Holmes

Subo na mangueira rente ao muro

E a vigio com meu binóculo.

Ela olha desconfiada para os lados,

Avança apressada pelo portão

E desaparece labirinto adentro.

Daí a pouco ela ressurge,

Tranca cuidadosamente a porta

E sai para a rua com o mesmo ar de mistério.

Desço do meu esconderijo

E avanço agachado pelo jardim

Até a primeira janela.

Nada. Silêncio total.

Dou a volta e alcanço

Uma outra janela.

Olho atentamente pelo vidro sujo

E vejo, estupefato, dezenas de gatos

Espalhados no cômodo e no corredor.

Uns dormem juntinhos e agarrados,

Outros rolam no chão brincando,

Arranham a porta, lambem o pêlo, tomam o leite...

Ouço o ruído da porta destrancando

E a velhinha aparece tirando do saco

Um outro gatinho...que trouxe da rua!

Ela senta em uma cadeira e os bichinhos a rodeiam,

Ronronam para ela, esfregam-se em suas pernas,

Pulam em seu colo atrás de um carinho...