O PORQUINHO FUÇADOR

Não parava o danadinho,

fuçando, cavando a terra,

fazendo buracos, gruindo,

atropelando as galinhas,

irritando o galo que ciscava,

e depois lhe dava um atropêlo.

Lá ia o Tico agora com fome,

mamar na mamãe gorduchona,

como se fosse o único filhote,

ignorando os oito irmãozinhos,

que famintos se atropelavam,

e as brigas então aconteciam.

E o Tico buscava daí o lamaçal,

onde se rolava ficando sujinho,

e os grunhidos pareciam sorrisos,

tal era a sua felicidade gostosa,

e sapéca dava então umas corridas,

sem rumos parecendo desnorteado.

Era no entanto a alegria das crianças,

que pegavam o bichinho sujo de barro,

e no caldeirão com água bem morninha,

davam um banho tirando as sujeiras,

com sabão de cinza e bucha do mato,

até ficar limpinho e cheirando gostoso.

Embrulhadinho numa toalha sequinha,

Lá ia o Tico tomar então a mamadeira,

que as crianças como se fossem mamães,

todas queriam alimentar o porquinho sapéca,

que gruinha feliz por toda aquela paparicão,

e depois de alimentado queria então dormir.

20-03-2010