Menina-Moça
Menina-moça
Menina inquieta
Cadê a boneca
Que o papai lhe deu
Naquele Natal
Onde a escondeu?
Menina sapeca
Cadê a peteca
De couro curtido
Da cor do vestido
Tal qual arco-íris?
Menina dengosa
Cadê o sorriso
Aberto, disperso
Na face graciosa
Que inspira o verso?
Menina bonita
Cadê sua fita
De seda bordada
Que enfeita os cabelos
De mechas douradas?
Menina airosa
Cadê o vestido
De renda escocesa
Da cor de uma rosa
Com fita francesa?
Menina cheirosa
Cadê a loção
De aroma gostoso
Que exala da mão
Num gesto vaidoso?
Menina crescida
Cadê os brinquedos
Que não os vejo
Desde muito cedo
Já não brinca mais?
Deixou a boneca
Também a peteca
E os outros folguedos
Diz, então, menina,
Qual é seu brinquedo?
Agora, menina
Por que não se atina
Com a realidade
Do tempo em que vive
E diz a verdade?
O novo brinquedo
Que chega mais cedo
Não é um presente
Nem algo perfeito
Que nasce no peito.
E a menina fala
Desse novo brinquedo
Que mexe com a alma
Que causa enlevo
E faz perder a calma.
E o novo brinquedo
Diverso dos outros
É de carne e osso
Que às vezes dá medo
Mas é um colosso!