Minha asinha foi quebrada
Ia voando
Em direção do sol.
Meus olhos espreitando
O sinal do Atol.
Abrindo caminho,
Enfrentando o mau tempo,
Não dando um pio,
Persistia, no vento.
Com minhas asinhas,
Alcançava meu alvo.
Verão ou inverno
Não sentia cansaço.
Enfrentava tormentas,
Até ondas gigantes,
Só não pude vencer
A fúria dos homens.
Poluem, invadem,
Semeiam ganância.
A vida de um pássaro,
Não tem importância.
Um dia, voando,
Senti grande dor.
Tive a asa quebrada,
Por uma mão sem amor.
Não queriam saber
Que deixei no ninho,
Três biquinhos abertos.
Meus filhinhos!
Meu corpo pequenino
Não seria aproveitado.
A mão assassina,
Deixou-me de lado.
O desejo da matança
Era maior, mais feroz.
Saindo dali, se foi,
Num desejo atroz.
Eu fiquei, arquejando,
Com uma asa mutilada.
Não mais voarei,
Nem verei a alvorada.
Adeus, pequerruchos!
Não esperem por mim.
Tombado pelos homens...
Esse é o meu fim.