LOCOMOTIVA: SOBERBA CANTARIA
Lá vem a locomotiva
Desbravando os sertões
Desfraldando as bandeiras
Entre trilhos e cristais
Lá vai a locomotiva
Em soberba cantaria
A primeira do arraial
Que fez festa e serão
Nas tardes de quintas-feiras
A banda recreativa tocava
Para comemorar e esperar
Lá vem a locomotiva
Serpenteando os caminhos
No embalo ritmado de
Seus fechados porões
Levando mourões e cargas encomendadas
Transportadas por navios além-mar
Lá vai a locomotiva
Badala o sino e apita
Piuimmmmmmm! Piuimmmmmmm!
Sei lá se na poesia é assim
Ou como o poeta inesquecível
Bandeira para os íntimos
“Café com pão, café com pão”
E a locomotiva sopra vapores no ar!
Lá vem a locomotiva
A fumaça escura subindo
Os morrros encontram o céu
Fazendo as nuvens pretas dançar
Vai de comboio buscar
Ouro e raios de luar
Se é das Alterosas
Das muitas Minas Gerais
É de grande porte e alinhada ao chão
Chove inesquecíveis histórias
Foi matriz de tantas outras
Lavrada por muitas mãos
Lá vai a locomotiva
Badala o sino e apita
Piuimmmmmmm! Piuimmmmmmm!
Sei lá se na poesia é assim
Ou como o poeta inesquecível
“Café com pão, café com pão”
Manuel Bandeira poetizou para os íntimos
E a locomotiva soprou vapores no ar!