LOCOMOTIVA: SOBERBA CANTARIA

Lá vem a locomotiva

Desbravando os sertões

Desfraldando as bandeiras

Entre trilhos e cristais

Lá vai a locomotiva

Em soberba cantaria

A primeira do arraial

Que fez festa e serão

Nas tardes de quintas-feiras

A banda recreativa tocava

Para comemorar e esperar

Lá vem a locomotiva

Serpenteando os caminhos

No embalo ritmado de

Seus fechados porões

Levando mourões e cargas encomendadas

Transportadas por navios além-mar

Lá vai a locomotiva

Badala o sino e apita

Piuimmmmmmm! Piuimmmmmmm!

Sei lá se na poesia é assim

Ou como o poeta inesquecível

Bandeira para os íntimos

“Café com pão, café com pão”

E a locomotiva sopra vapores no ar!

Lá vem a locomotiva

A fumaça escura subindo

Os morrros encontram o céu

Fazendo as nuvens pretas dançar

Vai de comboio buscar

Ouro e raios de luar

Se é das Alterosas

Das muitas Minas Gerais

É de grande porte e alinhada ao chão

Chove inesquecíveis histórias

Foi matriz de tantas outras

Lavrada por muitas mãos

Lá vai a locomotiva

Badala o sino e apita

Piuimmmmmmm! Piuimmmmmmm!

Sei lá se na poesia é assim

Ou como o poeta inesquecível

“Café com pão, café com pão”

Manuel Bandeira poetizou para os íntimos

E a locomotiva soprou vapores no ar!

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 16/01/2010
Reeditado em 19/01/2010
Código do texto: T2032974
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