O Deus das pequenas coisas!

O sino da torre

Tem triste badalar

O relógio do salão

Ecoa sempre

Blim blão,

Babalão...

E no meu quarto um passarinho

Pula fora do seu ninho

E canta como maluco

Seu canto é jururu

Sopra o vento e os meninos

Brincam lá fora desajeitados

O carro se põe em movimento

Árvores verdes e postes telefônicos

Passam voando pelas janelas

No movimento da minha infância

Passarinhos imóveis deslizam

Sobre os fios oscilantes

Como bagagens não reclamadas

Nas rodoviárias e aeroportos

Uma pálida lua diurna

Dependurada no céu

Ia aonde crianças iam

Grande como um balão

Chove, chuva irônica

Monótona que tomou lugar da lua

Um vulto de menina vai pela rua alagada

Sobre o reflexo da rua há poças d’água

A água que escorre dos berais das casas

E se junta às folhas e pedras

Água pinga,

Lua que brilha,

Carro que corre,

Latas velhas nos quintais...

Seria o DEUS das pequenas coisas

A lembrar-me da minha infância

Que foi tão azul e colorida

Que teve o seu mistério ensolarado,

chuvoso e HoJe tão esquecido?

Bhz, 14 de janeiro de 2010...

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 14/01/2010
Código do texto: T2029696
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