SERES INANIMADOS

Este projeto foi adaptado,

e vem sendo realizado,

com todos aqueles,

que precisam

mendigar,

pois pretende proporcionar,

um espaço contato,

onde estes seres inanimados,

todos "austificados"

possam ser explorados,

possam ser "cobaiados".

Em ambiente seguro,

em ambiente estimulante,

por motivos importantes,

criação de vida,

potencial irrisório,

arrastaremos com ele,

dedicaremos a ele,

nosso próprio ser,

terá a oportunidade,

de uma forma livre,

de forma inteira,

azul, amarela, verde

colorida,

expressar todos sentimentos,

com nossa imaginação,

será eterna conquista.

Mas fazemos uma ressalva.

Passa para cá o dinheiro,

pois tudo tem seu preço.

O que difere dos demais

já se pode dar um basta,

se é por demais diferente,

porque abrir parênteses.

Bateu, bate, continua,

gritando e gemendo,

não tenta agredir,

mas também não tenta

ir a lugar nenhum.

Bater palmas agora,

tem vários significados,

um diz que entendeu,

o que o outro expressou,

um diz que tudo bem,

- o trânsito tá bom, vem.

Sempre dirigindo

o brinquedo ondular,

e o brinquedo de rodas diz:

- ecoa forte na palma,

para o mundo gostar,

para o mundo notar,

que você existe,

que você sabe brincar,

mesmo no escuro,

mesmo sozinho,

mesmo mudo,

em linhas,

retilíneas,

que não interagem,

com a coragem,

pois a covardia,

atualiza o outrem,

é nua e passa a abençoar.

Bata também os pés,

sempre em compasso,

tente escutar os ecos,

analise repetidamente,

estes compassos firmados,

na coordenação fisioterápica,

pois eles são o resultado,

o sucesso do seu andar...

Mas não deixe de pensar...

"onde há velha luta,

que é antiga disputa,

que querem ao mesmo tempo ser"

não tem jeito, não tem compromisso,

se só existe a solidão,

em tal situação,

não é possível comparação,

mesquinha, ou quase morrendo,

existe apenas a maldade,

não existe solidariedade,

e a tal,

cresceu,

cresce crescendo."

Escutei, parei, olhei

Este projeto não quero

para mim, muito menos

para "ele"

Sorri, tornei a sorrir

e me voltei

E fiquei a espreitar.

Depois, em baixa voz,

respondi:

''deixa para lá,

não se amedronte,

o projeto não será analisado;

aqui quem manda é o coração.''

(OBS: PARA SE ENTENDER O QUE FOI ESCRITO HÁ 8 ANOS, É NECESSÁRIO ENTENDER QUE AQUI SE FALA DE AUTISMO)

Poesia publicada no site www.anjosdebarro.com.br

pela psicóloga Sandra Roos

Autora

Silvânia Mendonça Almeida Margarida - 14.04.2002