A FESTA NO PALÁCIO VERDE
DE NOSSA FLORESTAS
Este poema é um resumo extraído do texto literário
do autor poeta NARBAL DE MARSILLAC FONTE
(TIETÊ/SP- 10/12/1899 -29/04/60), poeta, biógrafo,
cronista, teatrólogo, jornalista e diplomado em medicina.
Foi membro da Academia Brasileira da escrita e da
Associação Brasileira de Educação do Estado de São Paulo.
(Narração e construção: dilcetoledo)
Alguém soprou a lâmpada divina
da estrela matutina.
E a noite veio se esconder debaixo
dos quebra-luzes dos arbustos sonolentos.
o galo da campina, corneteiro
da banda do penacho,
num toque de alvorada, espalha aos
quatro ventos a notícia da festa,
no palácio encantado da floresta!
Há pelos cantos do salão muitas corbelhas
de planta esquisitas:
ipês doirados,suinãs vermelhas,festões e fitas
de cipó-chumbo e de parasitas,
entrelaçando jequitibás e ainda há, no tapiz, bordado a flores,
uns catropiscos luzicolores de pirilampos e boitatás...
Vem chegando o povo inteiro
de convidados:
recebe-os lampeiro,
o periquito porteiro,
de rabona verde com botões doirados...
Principia o sarau...
Rompe a orquestra de violões e de violinos,
de canários, caboclinhos e coleiros,
executando seus maxixes brasileiro
sob a batuta do Maestro Picapau!
Perante o dançarás
dos famosos bailarinos tangarás,
emudece D. Arara palradora;
mas, a um canto da sala cheia,
quem é esta senhora
que tanto fala mal da vida alheia?
- D. Tesoura...
Cessa a dança.
Meu Deus! Que vozerio!
É trinado, é chilreio, é trisso, é pio!
Em traje de gala,
MestreTucano, com seu nariz fidalgo de Cirano
domina a sala...
É D. Gavião, que entrou apresentação, pergunta a um
jururu: - Quen'hé; quen'hé?
E este responde:Uru..uru... uru...
Um malandro chupim
que deixou a mulher a trabalhar em casa,
feita idiota,
conta ao cururucu uma anedota,
velando a voz com a asa,
e este cai na risada asim:
- Quá! Quá! Quá! Quá!
Para quem quiser,
D. Graúna conta que o saci
- Cortou arroz! Deixou um toquinho só!
alguém confirma logo:
- Bem que vi!
Mas o urutau detesta esta mulher:
M'importo lá!
Depois fica mais triste que um
socó e se põe a gemer:
Ai, ai!
Mas o sabiá,
o grande poeta do sertão,
deseja saber o que há:
- Que tens, coração?
que te dói, coração?
D. Graúna novidadeira,
continua a conversar com a lavadeira:
- Nha Chica, que dê a roupa
que dei prá mecê-lavá?
- Troci, troci, troci
botei no só prá enxugá...
Uma rolinha acabrunhada,
conta uma história da queimada,
em que perdeu sua ninhada:
- Fogo pegou... fogo pegou...
E com voz ensurdecedora,
D. Araponga declamadora,
recita, num berreiro,
o poema do martelo,
da bigorna e do ferreiro.
Um negrinho embriagado,
que ninguém sabe donde saiu,
pula em meio ao salão: Tziu, tziu!
Mas foge,vendo o Soldado...
um canto,mudo,sonha e padece, o poeta passadista, Noitibó,
de um tristeza que causa dó!
E D. Arara, que não o conhece,
passa-lhe perto e diz-lhe na cara
- Arara!...
D. Pintassilgo, d. Chabó e d. Corruíra
ouve as imitações de
D. Checéu
E a Viuvinha suspira,
vendo o azulão, vestido da côr do céu
Com voz de vidente,
alguém lê
o destino de toda gente
- Sofrê... sofrê...
Junto a uma coluna,
Conversam três xarás:
João-de-barro, engenheiro,
João-grande, financeiro.
João-bobo, um belo rapaz.
E D. Papagaio, que é uma alma sincera,
fala apenas de si, impando de vaidade!
Pudera!
Aprendeu a falar com a humanidade!
Mas em pouco um clarão
Ilumina o salão...
D.TicoTico, prudente,
chefe de família excelente,
avisa a cara consorte:
- Maria!
É dia!...
A vida é assim, assim e assim...
Enquanto se ouve no clarão da clareira,
dentro do esplendor da manhã brasileira
a ária lúgubre da morte:
- Enfim, tem fim... sem fim...
Nota:- (Dilce)
A beleza e o encanto dos nossos lindos pássaros
silvestres que vivem na mata e nas florestas,
um lindo cenário que nos inspira em prosas e poesias,
nos artigos, nos contos e nas mais belas histórias da
nossa Mãe Natureza. O maior desalento, é ver este
paraíso caminhar para o desencanto em virtude da
depredação e da ilegalidade no tráfico desses animais
e nas devastações de nossas florestas.
Lindos cânticos ecoados nas matas que podem calar a
qualquer momento se não houver a providência emergencial,
um amor maior com a dedicação na preservação do nosso
meio ambiente,o nosso futuro corre o risco de não ter mais
essas histórias para contar...
Ame, preserve, cuide do nosso Planeta Terra.
-Googleimagens-