SONETO DO PANGARÉ
Um baio pangaré, bastante só,
ainda novo, ruminou no pasto;
depois, por ser cavalo já tão gasto,
aposentaram-no, sem pena e dó.
O bicho vadiou no campo vasto
e, lá um dia, tanto mais bocó,
de volta ao sítio, seco o seu aió,
pensou “aqui, a coisa dá pro gasto!”
Então, o sábio do gentil feitor,
ao notar do cavalo velho a grade,
deu-lhe poderes plenos e forragem.
E o pangaré, com foros de senhor,
deitou relinchos, coiceou um frade,
e se espojou, de malas e bagagem.
Fort., 1º/12/2009.