SONETO DO PANGARÉ

Um baio pangaré, bastante só,

ainda novo, ruminou no pasto;

depois, por ser cavalo já tão gasto,

aposentaram-no, sem pena e dó.

O bicho vadiou no campo vasto

e, lá um dia, tanto mais bocó,

de volta ao sítio, seco o seu aió,

pensou “aqui, a coisa dá pro gasto!”

Então, o sábio do gentil feitor,

ao notar do cavalo velho a grade,

deu-lhe poderes plenos e forragem.

E o pangaré, com foros de senhor,

deitou relinchos, coiceou um frade,

e se espojou, de malas e bagagem.

Fort., 1º/12/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 01/12/2009
Reeditado em 01/12/2009
Código do texto: T1953850
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