NEVE
Em flocos de algodão
Cai a neve
Sobre a mata
E sobre o rio...
O tico-tico
Treme de frio.
Seu grilo
Quase fica congelado
Não fosse a joaninha
Tê-lo encontrado.
Lá no oco do pau
O dia já termina
E a escuridão
Faz o vaga-lume
Acender a lamparina.
Dona formiga
Bem fundo no chão
Põe fogo na lareira
E liga a televisão,
Com dó da cigarra
Que ficou lá fora
A cantar na solidão.
Mas pensa também
Que cada um se ajeita
Com o pouco que tem,
Pois, seja como for,
É certo o ditado,
Que Deus dá o frio
Conforme o cobertor.
E assim a vida segue
Caindo a neve
Sobre a mata
E sobre o rio,
Em flocos de algodão...