CRIANÇA SEM ALDEIA
Não devia ver senão a dor,
mas vejo a triste comunhão,
de restos que juntam sua cor,
ao cinza escuro da exclusão!
Meninos sem pátria, alijados,
do direito a um pedaço de pão,
meninos assim indesejados,
jogados famintos sob nossa visão!
Devia eu ver alguma esperança,
mas a vergonha me impede de ver,
sei o que sente uma triste criança,
que na sua aldeia deixou de crer!
No entanto o que parece ser possível,
não o é senão para o onipotente Deus,
pois este ser hoje solitário e irrascível,
é um menino, esquecido pelos seus!
O perdão talvez tardio e verdadeiro,
seja um lenimento em fina voz,
o ato quiçá triste e derradeiro,
amenize as dores das almas de todos nós!