Casa das bonecas
Ah! que saudades de minha infância
bonecas tive em abundância
não eram inglesas ou suecas
nem também eram de trapo,
mas feitas com muito carinho ,
com especial jeitinho,
de Deus e da mãe-natureza.
Tinham longos cabelos dourados ,
avermelhados, ruivos, ou negros,
dependia do gosto do freguês,
que não devia mostrar apego,
pois o seu maior medo,
era perdê-las de vez!
Que lindas bonecas !
sob a luz do sol brilhavam,
sob a chuva fina choravam,
e, em meu colo , se consolavam!
Assim ficava muito orgulhosa,
e aguardava ansiosa,
o plantio lá na lavoura,
pois não as tinha o ano inteiro,
o remédio era então esperar ,
caso a seca não viesse atrapalhar,
a florada do próximo janeiro...
Me enchia de pó de mico,
me coçava feito bicho,
mas eu nem me incomodava,
quando de mamãe apanhava,
que não media sacrifício,
para meu pai ajudar,
e na roça sua beleza deixava,
sob escaldante sol do verão ,
enquanto eu criança brincava,
nas saias de floridas ameixeiras,
com minhas bonecas,
genuinamente brasileiras,
de milho raro,
nunca vistas na China,
tampouco lá no Japão!
Benvinda Palma