UM AMOR  ANIMAL

Fui ligando para dona Emília
para pegar meu radinho a pilha
que esqueci lá na construção.
Ela retornou me avisando
que lá tinha alguém vigiando
que junto do rádio, tinha um cão.

Disse me que nervoso ele roncava
perto do objeto ninguém chegava,
pelo seu tamanho avantajado.
Uma forte chuva naquela noite caiu
e o destemido cão, dali não saiu
o encontrei de manhã, todo molhado.

Depois que morreu dona Benedita
passei a dividir com ele, minha marmita
via em mim seu novo dono, sua refeição.
Como viu que esqueci o velho radinho
talvez, quiz retribuir com carinho
guardando aquilo que era minha diversão.

Depois de tempos, teve uma sorte ingrata
o meu vistoso e valente vira lata
foi atingido por um desgovernado caminhão.
Esse grande amigo, hoje não existe mais
mas lá junto de seus restos mortais,
está um radinho, e uma canção.