SÓ UMA CRIANÇA


-Queria ser um dos filhos da Dona Ruth
lá eles tem balas, bolachas e tem iogurt,
e nossa dispensa, pai, está sempre vazia,
como abóbora e peixe quase todo dia...

Assim disse meu filhinho, que judiação,
não tenho como explicar isso na poesia,
o quanto aquelas palavras em mim doía,
era só uma criança, acho que tinha razão...

Não tinhámos óleo, muito menos azeite,
era só pra ele, aquele mínimo de leite,
que eu e sua mãe, deixamos de beber.

Mas aquele piazinho tão resmungueiro
foi ficando forte como um guerreiro,
comia de tudo, não parava de crescer...

O mundo dá muitas voltas.Dizem com razão,
quem em sua infancia, vivia invejando,
hoje é considerado um perigoso ladrão,
lá no fundo de uma cadeia, está mofando...

O menininho, criado com abóbora e angú,
é hoje o moço mais forte e bonito da região,
inteligente, tem mais saúde que o Brucutu
em todo esporte, é sempre ele o campeão...

Não teve balas, nem lanches, coisas da geração...

No lugar, recebeu muito carinho e educação...

Ele está aqui, dizendo me, muito obrigado paizão...


GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 21/08/2009
Reeditado em 21/08/2009
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