O MENINO DE PÉS DESCALÇOS
Num pequeno barraco,
Sem luz, escuridão perversa,
Vivia um menino infeliz,
Que queria brincar,
Mas não tinha espaços.
Um córrego fétido, imundo,
Transmissor de doenças,
Éra seu divisor de águas,
Que não podia transpor.
Energias consumidas,
Por falta de alimentos,
Mesmo assim sonhava,
Um dia poder brincar,
Talvez num bosque tão lindo,
Cercado de flores,
Onde pudesse aspirar,
Perfumes para se inebriar,
Pois onde morava não tinha.
Correr, sorrir, praticar molecagem,
Como outras crianças o fazem,
Éra o que desejava,
Nos seus sonhos de criança,
Mesmo de pés descalços,
Para ser mais ágil e vencer,
E depois com cambalhotas festejar,
O seu feito de que se orgulharia,
Pois seria talvez um campeão.
Seus limites de espaços o impediam,
De vislumbrar horizontes que não tinha,
Pois o córrego que no fundo corria,
Aprisionava todos seus sentimentos,
Por ser transmissor perigoso de doenças,
E o barranco que não podia escalar,
Éra onde o mísero barraco se apoiava,
Que uma enxurrada mais forte,
Tudo de roldão poderia levar.
21-07-2009