A RÃ CARONEIRA E O CORCEL

Um dia, à beira de um rio,

já querendo atravessá-lo,

senhora rã, muito afoita,

- claro, sem pedir licença -,

montou o lombo de um cavalo.

O corcel, bichinho esperto,

sentindo um troço bem frio

no seu rechonchudo dorso,

matutou: - "Deixa ficar,

a forra vai ser no rio".

Resultado da carona:

nadica de solidário,

o cavalo, na passagem,

imergiu, de vez, foi fundo;

mergulhou, foi salafrário.

A pobre de dona rã,

na certa curtindo mágoas,

foi-se, não deixou notícia;

até hoje está sumida,

foi levada pelas águas.

Criança, aí, pelas ruas,

dessa rã tire a lição:

não corra risco de graça,

não pegue transporte fácil

numa ré de caminhão.

Pegar caronas, à toa,

sem noção do guiador,

mesmo que seja à boleia,

é, no mínimo, bobeira,

seja onde e quando for.

Fort., 02/03/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 02/03/2009
Reeditado em 02/03/2009
Código do texto: T1466040
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