FORMIG’AMIGA
Longe de casa e desesperada,
A formiguinha ajudava su’amiga desvanecida.
Lutava com todo o seu amor e dor para salvá-la...
Angustiada e consternada, a formiguinha
Suplicava ajuda a su’amiga desprovida...
Rondava p’ra lá e p’ra cá,
P’ra cá e p’ra lá sem parar...
A formiguinha circulava ao redor,
Com dó de su’amiga, que estava
Imobilizada e atordoada pela dor.
No leito dessa infinita e sombria tristeza...
A formiguinha clamava e chorava sem cessar.
Já não havia mais força para levar su’amiga...
Sua dor era tamanha que não sabia se subia,
Se descia; se descia ou se subia a ladeira d’agonia.
Rondava p’ra lá e p’ra cá,
P’ra cá e p’ra lá sem parar...
Cai uma folha do céu!
— “Ó abençoada folha que cai...
Ó dor amargurada que não sai...
Ó folha bendita que nos traz tanta alegria...
Ó folha bondosa que o destino guia...”.
A folha as levava cuidadosamente, no meio do pântano...
A formiguinha sofria mais que a dor de su’amiga, no entanto,
Acariciava-a com tanta simpatia, com tanta euforia...
Que su’amiga lhe sorria, e sumia a dor dess’agonia.
Chegando ao formigueiro, foi ligeiramente socorrida...
A formig’amiga corria e agradecia à folha que caíra...
Muito agradecida, venerava a bondosa que as salvara —
No meio da mata — do tormento que afligia su’amiga.
O vento soprara a folhagem que voou serena...,
Na essência dessa natureza, oh!... formosa açucena...
A semente gerou a árvore, d’onde brotou a flor...,
A flor que estancara a dor do seu amor.
Paulo Costa
Outubro de 2008.