CONTOS DE NEVE E ENCANTAR (V)
A mãe está a chorar
Lágrimas mansinhas,
Lá fora a nevar
E eu sem luvinhas!
Os flocos de neve
Vão cair de manhã,
E a mãe que não tem
Um pouco de lã!
Eu finjo dormir,
Sonhar co'a promessa,
Que a mãe, a sorrir,
Me fez, bem à pressa:
"-O frio não vai
Tolher-te as mãozinhas,
Do novelo sai
Um par de luvinhas!"
Ninguém passa a rua,
Que dorme quieta,
Mas a amiga lua
Espreita, inquieta!
E vê que as lágrimas
Que a mãe escondeu
São neve fundida
Caída do céu...
Um estrela doura,
O quarto singelo,
Vê que a tesoura
Reflecte o seu brilho..
É a minha mãe,
Tão querida e amada,
Sacrifica o que tem:
Seus restos de nada!
A lua e a estrela
Cochicham lá fora:
"-Dá pena de vê-la,
Tão pobre senhora!"
Então intercedem
Por ela, em oração,
E logo a neve
Se faz algodão!
Tão leve, tão fofo,
Cai no parapeito,
Lã quente, em flocos,
Milagre perfeito!
A mãe rapidinho
Começa a fiar
E canta baixinho
Para não m'acordar!...
A mãe está a chorar
Lágrimas mansinhas,
Lá fora a nevar
E eu sem luvinhas!
Os flocos de neve
Vão cair de manhã,
E a mãe que não tem
Um pouco de lã!
Eu finjo dormir,
Sonhar co'a promessa,
Que a mãe, a sorrir,
Me fez, bem à pressa:
"-O frio não vai
Tolher-te as mãozinhas,
Do novelo sai
Um par de luvinhas!"
Ninguém passa a rua,
Que dorme quieta,
Mas a amiga lua
Espreita, inquieta!
E vê que as lágrimas
Que a mãe escondeu
São neve fundida
Caída do céu...
Um estrela doura,
O quarto singelo,
Vê que a tesoura
Reflecte o seu brilho..
É a minha mãe,
Tão querida e amada,
Sacrifica o que tem:
Seus restos de nada!
A lua e a estrela
Cochicham lá fora:
"-Dá pena de vê-la,
Tão pobre senhora!"
Então intercedem
Por ela, em oração,
E logo a neve
Se faz algodão!
Tão leve, tão fofo,
Cai no parapeito,
Lã quente, em flocos,
Milagre perfeito!
A mãe rapidinho
Começa a fiar
E canta baixinho
Para não m'acordar!...