Menino Levado

Observava da janela o moinho de vento

Um menino levado nutrido de sonhos

Tentava entender os próprios pensamentos

Mas só sabia choramingar pelos cantos

Uma velha senhora resolveu lhe falar:

-Menino, pare já com isso e vá brincar!

Nada quis dizer o menino, apenas se retirou

Sem rumo e desiludido o coitado ficou

Enquanto caminhava pelos morros altos

Bem mal compreendido ele se achou

Por entender que com seus sentimentos

A indiferente senhora pouco se importou

Quando um sem-teto moribundo lhe disse:

- Menino levado, porque estais tão quieto?

Foi como se o céu nublado se abrisse

E o iluminado sorriso do menino foi certo

Resolveu sentar-se ao lado do estranho

Para com ele chorar todas as suas mágoas

Enquanto observavam o belo rebanho

Que naquele instante por ali passava

Após uma conversa de muitas lamentações

O menino, ao simpático homem agradeceu

Por emprestar-lhe os ouvidos e as orações

Que o prestativo mendigo lhe prometeu

Satisfeito voltava o menino para casa

Quando novamente viu a senhora de antes

Estava ela caída no chão, esparramada

Por ter tropeçado numa pedra errante

O menino levado foi depressa em socorro

E ajudou a reerguer a velha senhora

Que, corada, continuou a subir o morro

Sem proferir uma palavra naquela hora

Assim, humildemente o menino aprendeu

Uma de suas grandes e eternas lições

Viu que fazer uma boa ação não doeu

E que atitudes simples curam corações

Continuou ele, então, a sorrir e aprontar

Como qualquer menino levado sempre faz

Juntou-se aos amigos e ficou a brincar

E naquele dia cinzento não chorou mais

25 de Dezembro de 2008

Ana Marlyny Monteiro Souza
Enviado por Ana Marlyny Monteiro Souza em 25/12/2008
Reeditado em 07/01/2009
Código do texto: T1352022
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.