O mantra das verdades que ninguém soube ver

Não, eu não chorei logo que nasci; cantei bem alto em notas e tons raros.

Não, eu não disse nem papá, nem mamá; eu falei Panamá.

Não, eu não demorei a dar os primeiros passos; andei rápido como gato.

Não, eu não tive problemas de crescimento; encolhia pra morar num caracol.

Não, eu não fazia garatujas; a professora não entendia nada de arte abstrata.

Não, eu não corria contra o tempo; parava o tempo brincando de estátua.

Não, eu não odiava aula de português; preferia ler em brasileiro.

Não, eu não era mentirosa; era contadora de histórias.

Não, eu não tinha vocação religiosa; queria mostrar meus vestidos no púlpito.

Não, eu não era gulosa; pensava nos famintos do mundo.

Não, eu não era sujismunda; economizava os recursos hídricos.

Não, isso não é um poeminha; é um mantra de verdades sobre mim

Visite meu blog e deixe seu recado: caleidociclope.blogspot.com

adelaide de paula martins fontes santos
Enviado por adelaide de paula martins fontes santos em 06/12/2008
Reeditado em 16/12/2008
Código do texto: T1321949
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.