brincadeira de anel
o autor se bate com aquela
necessidade intrínseca
de dizer: já era!
quando pude ter afinal,
depois da pia batismal,
a chance de sentar
no meio-fio da rua
junto a alguns meninos
e meninas de cruas
faces sem incremento?
cabelos lindos ao vento
vestidos de chita
sandálias de couro
alguém passa o ouro
(brincamos de anel)
por nossas mãos
e então, quem vai ficar,
com a mais linda brincar
com a mais linda correr
gargalhar
sem muita coisa ousar
sem muita coisa dizer
sem ter como começar
a do amor entender?
sem ter que se surpreender
com o beijo que dela ganhar
sem ter o que inventar
pra nunca, jamais esquecer
o tempo em que pra se viver
bastava somente a emoção?
não, o autor não se bate, não
se atropela!
Maricá, 04/12/2008