A CIGARRA
A cigarra é franzina
Asas trêmulas, vibrando...
Mais parece uma casquinha
Ao sol, tremulando... tremulando...
Mas o canto da cigarra!
Entra na alma da gente, agarra,
Agarra,arranha e sai assim:
Sim, eu vim, zuim...Zuimmmm,
Zuim, e vou semeando quintais
velhos mangueirais,jabuticabeiras sem fim
Acordando lembranças sem fronteiras
Novas e velhas praças, horizontes
Sol a pino, bolinhas de gude,e uma fonte
Sem idade, a jorrar aos borbotões
No fremir do tempo! Tempo das cigarras...
Ah... a velha cigarra, trazida na flauta de pã...
Tocando a magia da tarde,
A cigarra agarra a gente,leva na cantoria
E à revelia e com efusivo alarde ,
Vão e vêm: Sóis,luas,brinquedos,
rodando quais belos piões
Ao fremir da cigarra em seu eterno enredo
Zuim, zuim...e as poucas árvores falam assim:Já vi,
Juro que vi, que vi... sim... sim...