A brisa de afagos e palmadas

A brisa passageira

assanha os meus cachos

deixa sem jeito

todo meu penteado.

A brisa mansinha...

abriga minhas pegadas

afaga meu rosto macio

deixa-me mal acostumada.

A brisa da madrugada

abranda o calor do dia

faz frio, me agasalha

com o som dos uivos apaixonados.

A brisa da beira-mar

amável com os pescadores

pesca as suas dores de pescas

soprando as velas para longínquos mares...

E no canto encantado das sereias,

a brisa que de suave revolteia -se

entonteia os navegadores dos barcos

de mares tenebrosos e desconhecidos.

Mares de águas mansas e revoltas

e no calor da ventania e no tremido do frio

traz, ela, aos assustados homens os arrepios

e os leva ao fundo do rebelado mar...

A brisa amiga é convite

para outras terras habitar

levando-nos para outros lugares

sem antes nos comunicar.

Já a brisa revolta é dolorosa

vingativa e ardilosa e traiçoeira

no estalar dos dedos momentâneos

nos leva sem eira nem beira.

A brisa abriga, assanha, abranda

é amável, entonteia, vingativa...

a brisa compreende e é incompreensiva

a brisa que afaga é a mesma que te palmateia.