O tolo tijolo e a parede imperial.
O ingênuo e tolo tijolo
Falou para a dona parede imperial
Que estava apaixonado.
A parede parada
Estremeceu em rachaduras
Querendo fazer racha
Mostrando cara de dura
Perguntando ao tijolo
Quem era a felizarda.
O então tonto e tolo tijolo
Sem saber o que dizer
Ficou todo corado, gago
Com vontade de morrer...
A parede toda mandona:
_ Desembucha, homem! Fala de uma vez.
O tolo tijolo partiu-se ao meio
Não disse mais nada
Simulou até desmaio,
De repente emudeceu.
A parede esquentada, tiririca
Querendo fazer grande briga
Corou, ficou toda vermelha,
Parecia uma rabugenta juíza.
Morta de ciúmes do tolo tijolo
Pensando ser a distinta Brita
A tão amada para seu imenso desgosto
Sua afrontosa, ultra, ultrajante inimiga.
O tolo e ingênuo tijolo
Tomou forma, vez e voz...
Deu uns puxavantes, solavancos
Nos orelhões da algoz, atrevida
Dizendo ser dela, só dela
O seu coração vivo e veloz
Que batia a uma velocidade mil
Por aquela parede imperial, sua amiga.
Amaram-se por longos séculos
Bailando nos salões dos impérios
Da sala mor do castelo
Do reino encantado, sério...
Para sempre felizes, como nos velhos mistérios.