Trampolim
Mamãe,
descalcei a montanha,
peguei no pé do vento,
enrolei os cabelos da cachoeira,
deitei-me no leito do rio
e mandei toda a água
para a garganta do oceano.
Dei um laço nas tardes
do meu mundo
e usei o estrato das nuvens
nos punhos das minhas vestes.
Consegui rodar o pião da Terra
e me fazer espectador deste espetáculo.
Já machuquei a cauda
das noites de junho
já espichei os cabelos do sol,
nos dias de verão.
Vestido de sete cores,
já brinquei no trampolim do arco-íris
já brinquei no trampolim da vida.
Bamboleei o horizonte,
bebi o sangue do ar
que correu nas veias
do meu corpo
como linfa cicatrizante...
Agora quero o papel do infinito...
para escrever
o acorde da música inédita,
e da poesia,
que fiz para a festa do fim do dia...
Ajude-me,
verei em você
novos horizontes.
brincarei com você
em novo espaço do meu ideal
Depende de você.
Ajude-me, mamãe...
Pois sem você
sou autista trampolim...
Silvania Mendonça em 30 de maio de 2000.